quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Mentiras verdadeiras da Casa Branca para justificar a guerra na Síria.


Em 2003 George Bush atacou Bagdá com as falsas acusações de que armas proibidas estavam armazenadas naquele país. Barak Obama repete o script de seu antecessor para um possível ataque à Síria. Dez anos atrás, George W. Bush, o seu secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, o vice-presidente Dick Cheney, o secretário de Estado Colin Powell e a conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, afirmaram que o Iraque era governado por uma ditadura e tinha armas de destruição em massa. Depois que 170 mil soldados dos aliados e dos Estados Unidos invadiram o país árabe, onde morreram um milhão de pessoas, incluindo o presidente Saddam Hussein a única verdade que era irrefutável é que não havia tais armas. Eles se utilizaram deste argumento como uma estratégia no sentido de justificar a guerra, mesmo sem o aval das Nações Unidas. Apesar da distância entre os dois fatos, a Síria nunca sofreu uma ocupação semelhante a do Iraque, mas a história parece se repetir.
 
 
Nas últimas semanas, se intensificou a campanha internacional para envenenar a opinião pública e prepará-la para aceitar como invasão "humanitária" contra a nação árabe. O objetivo é derrubar o presidente Bashar Al Assad e subjugar aquele país como foi feito com o Iraque, Afeganistão e Líbia. Hoje, a mesma argumentação é usada sobre as armas de destruição em massa. Supostamente tropas Assad teria usado o gaz sarin contra os oposicionistas que travam uma guerra civil desde março de 2011. A denúncia desses grupos, divulgado pelos governos dos EUA e da Europa, é que o Exército Árabe da Síria teria usado o gaz sarin em 21 de agosto contra a população civil de Ghouta, a leste da capital. A denúncia remete a aproximadamente entre 1300 a 1700 mortos, e aponta como culpado o governo Sírio. O conflito já matou cerca de 100.000 pessoas, segundo fontes da ONU. Entidades estrangeiras vinculadas ao movimento dos chamados "rebeldes" atribuem os mortos o governo de Assad. Mas são documentados casos em que membros do Exército Sírio Livre matam seus prisioneiros e comem o coração de um dos mortos, como registrado em imagens distribuídas na web. No sábado, o governo encontrou armas químicas em um túnel de rebeldes no subúrbio de Damasco Jobar. Seria bom tom verificar quantos eram os mortos de 21 de agosto, se 1.700 ou 355, como diz a imprensa francesa, embora no seu caso, a imprensa francesa teve a honestidade de dizer que ele não poderia dizer quem foi o autor desse ataque. Ou se realmente existiu o ataque em 21 de Agosto?
 
 
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia manifesta-se. "Temos cada vez mais evidências de que esse ato criminoso era claramente de natureza provocativa. Em particular, há relatórios que circulam na Internet que mostrar os vídeos do suposto incidente foram postadas várias horas antes da ocorrência do suposto ataque químico. Assim, foi uma ação pré-planejada", disse ele. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Aleksander Kulashevich, acrescentou: "os vídeos sugerem uma encenação. As crianças que são mostradas, parecem drogadas, elas não estão acompanhados por seus pais, e não parecem nem mortas nem vivas naquele local. Os meninos aparecem nus, enquanto as meninas estão totalmente vestidas. Não há estrutura de um hospital, mesmo no subsolo, além de telas e quatro bolsas. Interessante é que nenhum dos animais foi atingido pelo gás, nem um único animal. De acordo com a oposição o ataque causou 1.729 mortes." Alguns relatos não fecham em uma lógica razoável. Por algum tempo, o encaminhamento dos confrontos, entre o governo Sírio e grupos de oposição, estava desfavorável ao governo. Mas suas tropas foram reconquistando a maioria das cidades que fora tomadas pelo ELS, caso de Al Quseir, cidade perto da fronteira com o Líbano, onde os militantes do Hezbollah dizem ter colaborado com a conquista. O senso comum diz que presidente sírio não precisava do uso de qualquer arma química, porque eles estavam conseguindo algumas vitórias. Por outro lado, grupos terroristas como ELS e Nusra Frontal, ligada à Al Qaeda tem grande interesse no uso de gás sarin e outras armas químicas. Eles estão perdendo a guerra e propalar a comunidade internacional um fato, verdadeiro ou não, sobre o uso de armas de destruição em massa é lançar a comunidade internacional contra Al Assad e forçaria uma ação militar do governo americano e seus aliados.
 

O presidente dos EUA havia dito meses atrás que o uso dessas armas era uma "tênue linha vermelha" e que não permitiria ser atravessada pelo governo sírio. Isso significa que Al Assad iria usar as armas químicas e fornecer a desculpa perfeita para a intervenção dos EUA e a OTAN? Essa atitude parece-me de um perfeito idiota, e presidente sírio pode ser criticado pela condução política, mas não é nenhum estúpido. E, no caso de os EUA, ele precisa abrir um caminho para Teerã, Pequim e Moscou, em sua longa busca pela hegemonia mundial que foi perdido. Em 2003 a ONU estava lá em Bagdá, Hussein permitiu inspeção no local dos técnicos e dos observadores de armas da ONU, que não encontraram nenhuma evidencia do arsenal proibido. Da mesma forma Al Assad abriu o país aos enviados da ONU para procurarem as armas químicas em Husmearan, mesmo antes do suposto ataque em 21 de agosto. Três dias antes, uma equipe de inspetores da ONU, sob o comando do sueco Ake Sellstrom, chegou a Damasco para investigar o uso de armas químicas. “Ofende a Inteligência das pessoas, acreditar que sob estas condições Al Assad teria usado tais armas contra a população civil, muitos dos quais ainda reconhecem-no como o poder legítimo.” Como o governo pode usar armas químicas, ou qualquer arma de destruição em massa, em uma área onde as tropas estão estacionadas? “Não me parece coerente e lógico”, disse o presidente russo Izvestia.
 
 
O governo sírio concordou com o secretário da ONU, Ban Ki Moon, a entrada na capital da lider do desarmamento, Angela Kane, para levantar as pesquisas Sellstrom. Ministro das Relações Exteriores, Walid al-Moallem e Kane haviam concordado que na segunda-feira estaria em andamento as inspeções em Ghouta. De início foi permitido cinco inspetores a chegarem a esse lugar. Apesar de eles serem recebidos a tiros, mas o que tudo indica os atiradores fazia parte de grupos terroristas, e não do governo sírio, que havia autorizado à inspeção. Que atitude é esta? A ELS não quer saber a verdade? Mas o maior empenho para decretar a intervenção militar na Síria foi da França. François Hollande parece determinado a atacar, mesmo que EUA não o faça. Obama vai atacar Damasco? As possibilidades podem ter aumentado após a uma tremenda campanha de falsas declarações sobre o uso de armas de destruição em massa, a tal ponto que o secretário de Defesa, Chuck Hagel, que estava na Malásia, disse que o Pentágono havia tomado às decisões. Há quatro navios de guerra no Mediterrâneo ao largo do litoral sírio.
 
 
O chefe da Casa Branca mencionou ainda. "Além disso, ainda estamos em guerra no Afeganistão, e também devemos levar isso em conta", disse ele. Era uma maneira de dizer que não há certeza de vencer duas guerras simultaneamente, o que parece relativamente sã, dentro de toda essa loucura. O chefe do Estado-Maior Conjunto Martin Dempsey, é um dos mais reticentes em abrir uma segunda frente de batalha. Militares dos EUA, França, Alemanha, Itália, Canadá, Turquia, Arábia Saudita e Catar vão se reunir em Amã, na Jordânia, para tratar da possível guerra. Israel também estaria no jogo.
 
 
A lista de participantes revela a injustiça da guerra sendo preparada: são potências bélicas, parceiros na OTAN, associados de Washington e do sionismo. Se essa coalizão lançar uma guerra e rapidamente termina-la na Síria, algo que não vai ser nada fácil de alcançar, se prevê que o país árabe irá retroceder décadas, e se tornaria um protetorado americano e base militar do USA, com seus recursos naturais esgotados e sua população massacrada. Diante do abismo eminente o melhor a ser feito é parar a o jogo e realizar a Conferência Internacional em Genebra sobre a Síria, no sentido de buscar uma solução pacífica que irá proteger os habitantes e a soberania daquele país.
 

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