sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Quando chega a hora de mudar.


Acordamos de manhã e aquele dia nos parece diferente, caminhamos silenciosamente pelos cômodos da casa, olhamos por entre as cortinas o dia que começa. O vento sopra lá fora uma brisa fria e úmida, há um silêncio no ar. Sentimos o passar do tempo como se estivéssemos deslocados, há algo estranho! O perfume da brisa que entra pela janela que acabamos de abrir, traz um cheiro de tristeza e melancolia, nos parece que algo está faltando. Não sabemos dizer ou distinguir! Nos sentimos incomodados, estamos desorientados, o que está acontecendo? Uma sensação de vazio invade a nossa alma como uma névoa, preenchendo toda a extensão do nosso espírito, não nos deixa pensar, nos paralisa nas ações, faz desaparecer o nós como ser. Sobrevivem em nós a lembrança e a dor do passado como um sonho, sentindo o torpor de alguns raios do sol que aquece nossos corpos de sentidos estagnados. É como a embriaguez do álcool que nos faz nada ser, é como o precioso alimento, lançado por um movimento insolente, junto aos restos sem valor. Tentamos olhar, mas não conseguimos ver.


Apenas vislumbramos vultos de pessoas que transitam pela longa rua, com suas faces marcadas pela dor de não conhecer a si mesmo. São apenas números sem sentidos e sentidos sem números, nada existe de fato. O sentido de se ver está perdido, mesmo vendo bem o que se é, mas sem sentido. O ruído renitente e longe que ouvimos soar, são sons estranhos de veículos, em um zig-zag paranoico, que provocam ecos sem proveito algum, mais parecendo a trovoada de um dia escuro e úmido. Ouvimos as primeiras vozes, que se propagam nesta manhã escura e cinzenta, são frases desconexas que de uma garganta não saem. Ao longe ouvimos também o bater das águas nas pedras de um rio já velho e cansado. Não sentimos tédio e nem mágoa, não! É uma vontade de não sei o quê! Alguma coisa se contorce dentro de nós, mas o que?


Nada sentimos, a não ser uma vida autômata, que somente existe aqui em baixo. Tudo está autômato desde o levantar das pernas, os pés dentro dos sapatos e um ruído renitente de passos apressados de uma mente ansiosa, como se fosse uma marcha involuntária e sem sentido. Os olhos cansados de uma noite mal dormida, os dedos, indicador e polegar, roçando persistentemente as narinas ressecadas e congestionadas pela nevoa venenosa que é lançada ao ar pelas indústrias. Há um aperto na mente, no cérebro e na cabeça. Nossa alma está constipada, como um doente que deseja a vida, mas não deseja retirar-se de sua zona de conforto. A vontade é apenas dormir com a possibilidade única de dar uma nova direção à vida, mas qual porta entrar? Neste momento sentimos a vida no estômago, percebemos o cheiro em nossa mente, nuvens cinzentas pintadas de um branco falso, formavam rolos e figuras em nossos olhos.


O céu covarde prove uma atmosfera ameaçadora como uma inaudível trovoada em minha mente, mas tudo não é feito de ar?  Temos tido esperanças pobres, saídas impostas pela vida e por todos os outros. Somos como esta hora e este ar possuído pela névoa, remendos velhos em nossas tormentas falsas. Gritamos no intento de acabarmos com aquela visão e o silêncio. Mas em nosso passado há a dor, tristeza e angústia que quando está descoberto revela o negrume lodoso de demônios que nos cega e somente o cheiro podemos sentir. Tantas inconsequências no agir, tanto sarcasmo de supostas sensações, tantas ilusões que enredam a alma e entristecem o coração. Somos invadidos por pensamentos que provocam dores na alma ao sentir o cheiro das duras lembranças. Somos invadidos e aprisionados pelos sonhos de outros homens e mulheres. Nada neste dia nos satisfaz! E em um esforço último de vencer a angústia que atravessa o nosso coração, nós buscamos uma saída ou uma mudança. Estamos sofrendo por não ter vivido uma realidade, estamos cansados de tudo, até do justo repouso. Nossa alma e coração estão cansados, tristes e saudosos por quem nós nunca fomos e ansiosos por aquilo que desejamos ser.


A fluência da energia da vida está estagnada, produzindo estados psicossomáticos. O tempo se arrasta em sua mesmice, a angústia nos invade a alma. A vontade de acerto é enorme, mas os resultados são pífios. Vemos se revelar, neste momento, alguns sinais de transformações e mudanças. O medo quer nos envolver, mas a fé, a esperança e o amor nos fortalecem e encoraja para a transformação, vencendo o desconhecido e as incertezas. A vida preparou todo o cenário e nos convida ao confronto. Quando tudo está em seu tempo, algumas questões são manifestadas: Como curar esta alma? Como acalmar este coração? Como resgatar a certeza do sentido da vida? São questões que exigem a descida aos porões da vida. Lugar sombrio, habitados por demônios que se alimentam de nossos medos, tristezas, frustações, paixões e onde estão guardados os mais profundos segredos dos seres humanos. É neste ambiente que travaremos a nossa batalha, por que este é o local, que apesar de imundo, cinzento e lamacento, a nossa transformação se iniciará. Recolhemo-nos em nosso silêncio do querer, o desejo arde e machuca a alma, mas a determinação de alcançar o sentido da vida é mais forte. Estamos dispostos a lutar, calçamos a fé, empunhamos a esperança como a única arma que dispomos e cingimos o nosso corpo com uma malha de justiça.


Colocamo-nos a caminho do inferno, a escuridão podemos apalpar, o forte cheiro nossas narinas não suportam, mas mesmo assim impregnam a nossa mente com o odor da podridão. A descida é rápida e quando lá chegamos nos deparamos com a miséria daquele lugar. É chegado o tempo da limpeza e da transformação do ser. Os demônios se manifestam fortalecidos pelo tempo e alimentados pela vergonha, medo e tristeza. A batalha se inicia. A fé nos traz a segurança da verdade, ainda que oculta. A esperança nos sustenta e calmamente buscamos a compreensão  da criação e da sobrevivência de todos aqueles demônios por tantos anos. Em profunda prece, em nosso coração cremos e por ele somos salvos. Sentados em profunda meditação resgatamos, com as malhas da justiça, as lembranças de outrora. Somos justificados pelos alicerces da fé. E ainda que, em um último esforço, brademos em plenos pulmões “et lux in tenebris lucet” e a luz resplandece nas trevas dos porões da vida, todos aqueles demônios são vencidos pela compreensão dos fatos, pelo perdão, pela expiação, pela confrontação, mas acima de tudo pelo amor, e então, eles deixam de existir. Exauridos em nossas forças, com os rostos banhados em lágrimas, mais uma página de  nossa vida foi virada. Nos levantamos e vemos que aquele porão que outrora fora escuro, lamacento e cinzento, está inteiramente iluminado e limpo. Sentimos a energia da vida fluir como um rio que canta pelo caminho. A mente está limpa, a alma purificada como a fina prata. Fomos resgatados pela força do amor! Nada pode resistir a esta força divina que transforma e traz vida. Fomos, vimos e vencemos! Uma nova etapa se inicia, um nascimento aconteceu. Todo o céu parou e em grande expectativa ante a batalha travada. Vencemos, somos mais fortes agora e estaremos prontos… quando chegar um outro momento de mudar...


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Crianças refugiadas da Síria, quem se importa com elas?


Segundo a ONU um milhão de menores sírios foram obrigados a deixar o país. Situação coloca em risco futuro de uma geração, alerta órgão para refugiados. Além disso, mais de sete mil perderam a vida desde o início da guerra. De todos os refugiados da guerra civil na Síria, um milhão são crianças e adolescentes. O número, que inclui 740 mil menores de 11 anos, equivale à metade do total de refugiados do conflito, anunciaram nesta sexta-feira, 23 de agosto, a Unicef - Fundo das Nações Unidas para a Infância e o Acnur - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Ambas as agências alertam que a guerra que já dura 29 meses, tem tido um ônus pesado para a infância do país. "O que está em jogo é nada menos do que a sobrevivência e o bem-estar de uma geração de inocentes, apontou o alto comissário para os refugiados, António Guterres." Os jovens da Síria estão perdendo suas casas, suas famílias e seu futuro. Mesmo depois de terem cruzado uma fronteira em busca de segurança, seguem traumatizados, deprimidos e necessitam de uma razão para ter esperança.".
Como conseguir ser feliz ao lado da desgraça alheia, independente da religião, cor, sexo, raça ou idade?  A vida que se desenrola neste milênio é de fato muito interessante, a intolerância e falta de amor, a ganância de obter e gozar os bens desta terra, cega e deixa louco uma parte da sociedade que se comporta como se o mundo estivesse plenamente em paz. Se a teia da vida é agredida, como está sendo agredida as crianças da Síria, como podemos alcançar a felicidade e tranquilidade de viver os  nossos dias? Meninos e meninas, desamparados, presos como animais, de barriga vazia, perdidas, tristes sem ter quem os proteja. Com certeza a depressão permeia as crianças esquecidas e humilhadas daquele país. Não há ninguém que esteja atendendo a sua dor e necessidade. A marca de 1 milhão de refugiados infantis na Síria foi alcançada justamente nesta sexta-feira. O diretor executivo do Unicef, Anthony Lake, lembrou que não se trata de um mero número. "É uma criança de verdade, arrancada do lar, talvez até de uma família, defrontando-se com horrores que apenas estamos começando a compreender. Temos todos que compartilhar essa vergonha, pois, enquanto trabalhamos para aliviar o sofrimento dos atingidos por essa crise, a comunidade internacional fracassou em sua responsabilidade com essa criança.". Com essa declaração o diretor executivo da Unicef, Anthony Lake, desabafa.  

O mais interessante é que a Síria é um país que está tão longe, será que esse conflito existe mesmo? Eu digo são crianças de verdade, elas apresentam tamanho, peso, cores de negras ou brancas ou ainda amarelas que seja, seus dedinhos delicados, sua inocência naquilo que ainda não compreende, elas estão lá, por toda a parte, desemparadas e tristes, das quais o mundo não se faz digno de tê-las. Poderiam estar correndo, saltando, com as caras sujas, pendurando-se em árvores, com seus cabelo despenteados, não importa. Não, hoje somente tem sua esperança despedaçada, sua disposição está apenas em sobreviver, cansadas e amarguradas.

Muitas não tem mais uma família e não terão natal muito menos e os dias de seus aniversários que no futuro será lembrado pela dor da perda. Todas as manhãs levantam, mas não tem muito o que esperar, apenas veem o sol  nascer em mais um dia de tristeza e dor. Como vivermos sem pensar nestes tesouros da humanidade, são como criaturazinhas mágicas, barulhentas, alegres. Elas não tem por quem esperar, por que estão perdidas ou sua família está morta, não correrão ao encontro de alguém gritando: Papai! Mamãe! São os anônimos da sociedade, não tem nomes e são apenas uma face perdida na multidão de esfomeados, expatriados e desamparados. Ah! Se todos soubessem como é doloroso o sentimento de abandono, solidão e insegurança.
Para muitas delas o crepúsculo da existência se aproxima e não há ninguém que delas se lembrem. Se existe alguma esperança, ela está atada a uma corrente de minutos eternos que se arrastam sem misericórdia. Em seus sonhos, sonham com tudo o que as crianças sonham, um jardim e campos que transcendem as cercas dos campos de refugiados, caminhos floridos e alegres, onde braços afetuosos lhes esperam com amor. Malditos! Minha alma brada pelo universo. Malditos! Esqueceram-se das meninas dos olhos do Grande Eterno. Malditos! Novamente brado.  Quem será o herói destes pequeninos! Meu coração se entristeceu! Prostrado… apenas digo aqueles que poderiam salva-las e não o fizeram… Malditos! Felizes as que já morreram, este mundo não é digno de tê-las.

Como nós criamos nossa própria realidade.

 
Alguns ensinamentos espirituais podem ser muito confusos quando ouvidos pela primeira vez, mais difícil ainda se for dito por um cientista. Quando na década de 1970, o físico Fred Alan Wolf criou a frase evocativa "nós criamos nossa própria realidade", que soava bem para a época, porém deu origem a muitas decepções. As pessoas tentaram, de forma equivocada, manifestar automóveis de luxo, hortas em ambientes desérticos, ou espaços de estacionamento em áreas centrais ocupadas. Wolf baseou a sua frase em cima de um trabalho do matemático realizado por John von Neumann, que primeiro introduziu a ideia do "colapso" de consciência, que ocorre quando a onda de possibilidade quântica "escolhe" uma de suas facetas, o que torna-se então atualizado em seu estado de existência. No entanto, muitas tentativas de acompanhar e de criar a nossa própria realidade produziu uma mescla de resultados frustrantes porque os pretensos criadores não tinham conhecimento de algo importante: Nós criamos nossa própria realidade, sim, mas nós não fazemos isso em nosso estado ordinário de consciência, mas em um estado não ordinário de consciência.
 
 
O paradoxo do amigo de Wigner, articulado por Eugene Wigner, um laureado com o Nobel Física, ajuda a esclarecer isso. Wigner se aproxima de um semáforo quantum que oferece duas possibilidades: vermelho e verde. Ao mesmo tempo, o amigo de Wigner se aproxima a mesma luz da estrada perpendicular ao de Wigner. Ambos escolhem o sinal verde, mas suas escolhas são contraditórias. Se ambas as escolhas se materializar, ao mesmo tempo, haveria confusão. Obviamente, apenas um deles fará a escolha, mas qual deles? Uma compreensão do narcisismo oferece uma visão como nós agimos sobre tentativa criar a nossa própria realidade. Como é possível que apenas uma pessoa no mundo seja sensível, e o resto de nós somente  existimos dentro da imaginação dessa pessoa? Três físicos independentes resolveram o paradoxo de Wigner. Eles eram Ludwig Bass na Austrália, eu em Oregon e Casey Blood de Rutgers, New Jersey. A solução foi simplesmente esta: A consciência é uma, não local e cósmica, por trás da individualidade local de Wigner e seu amigo. Embora ambos os homens quisesse a luz verde, há uma consciência que escolhe para ambos, evitando qualquer contradição. A consciência escolhe de tal forma que o resultado ditada por cálculos de probabilidade quântica é validado: Wigner e seu amigo tem a sua disposição cinquenta por cento do tempo obter o sinal verde. No entanto, para qualquer cruzamento individual, uma oportunidade criativa está em aberto para cada um deles para obter o sinal verde. Ao formular a minha teoria sobre isso, a questão subjacente era: Qual é a natureza da consciência, que permite que ele seja o agente livre de causação descendente, sem qualquer paradoxo?
 
 
 
A resposta foi: Consciência tem que ser unitivo, único e para todos nós sem exceção. Essa unidade de consciência é à base de nossas teorias sobre o assunto. Quando o meu trabalho declarando esta teoria foi tornada pública originalmente em 1989, um neurofisiologista da Universidade do México, Jacobo Grinberg Zylberbaum, o leu. Grinberg estava estudando novas transferências de atividade elétrica cerebral entre duas pessoas. Intuindo que a minha teoria era relevante para sua pesquisa, ele me pediu para visitar seu laboratório e verificar o seu laboratório experimental e os seus dados para ajudá-lo a interpretá-los. Logo Grinberg e seus colaboradores escreveram o primeiro artigo divulgando uma verificação científica moderna da ideia de unidade da consciência.

A Boa Nova Experiência: Nós somos um?

Desde então, quatro experimentos separados demonstraram que consciência quântica, o autor de causação descendente, é não local e unitiva. A física quântica fornece um princípio surpreendente para operar com a não localidade. O princípio da localidade, diz que toda a comunicação deve prosseguir através de sinais locais definidos e com limites de velocidade. Einstein estabeleceu a velocidade da luz, como o limite de velocidade. Isto impede a comunicação instantânea através de sinais elétricos. E, no entanto, os objetos quânticos são capazes de influenciar um ao outro instantaneamente, uma vez que interagem e tornam-se correlacionados através de não localidade quântica. Em 1982, o físico Alain Aspect e seus colaboradores confirmaram esta teoria com um par de fótons, quanta de luz. Não há nenhuma contradição com o pensamento de Einstein, uma vez que reconhecemos não localidade quântica para o que ele é um sinal menor de interconexão fora do espaço e do tempo. Grinberg, em 1993, estava tentando demonstrar não localidade quântica para dois cérebros correlacionados. Duas pessoas meditando juntos com a intenção de comunicação direta, sinal menor, não local. Depois de vinte minutos, eles são separados, enquanto continua sua intenção unificadora, colocados em grades de Faraday individuais que são câmaras eletromagneticamente isoladas, e cada cérebro é conectado até um eletroencefalograma, EEG da grade. Uma série assunto é mostrada através de flashes de luz que produzem em seus cérebros uma atividade elétrica que é gravada no aparelho de EEG, produzindo um "potencial evocado" no qual é extraído por um computador o ruído produzido pelo cérebro. Surpreendentemente, o mesmo potencial evocado foi encontrado e visualizado no cérebro do outro sujeito, e pode ser visualizada no aparelho de EEG com as mesmas características com o mesmo ruído do outro cérebro. Isto é chamado um "potencial de transferência", mas é semelhante à do potencial evocado em fase e força. Indivíduos controlados, aqueles que não meditaram juntos nem foram feitos o isolamento de sinal de comunicação durante o período de duração do experimento, não demonstraram qualquer potencial transferido. Obviamente, o experimento que demonstra a não localidade de respostas do cérebro, mas também demonstra a não localidade da consciência quântica. De que outra forma explicar como a força da escolha em uma resposta evocada no cérebro de um indivíduo pode levar à livre escolha de uma, quase, idêntica resposta no cérebro do parceiro correlacionado? Como dito acima, a experiência, desde então, tem sido replicado várias vezes pelo neuropsiquiatria Peter Fenwick e seus colaboradores em 1998, em Londres, por Jiri Wackermann, em 2003, e pelo pesquisador da Universidade de Bastyr Leana Standish e seus colaboradores em 2004.
 
 
A conclusão derivada destas experiências é radical e pode integrar a ciência e a espiritualidade, estilo Vedanta. Consciência quântica, o precipitador da causação descendente de escolha de possibilidades quânticas é o que as tradições espirituais esotéricas de muitas tradições chamam de Deus. Em sânscrito, Ishwara. Em certo sentido, redescobrimos Deus dentro da ciência. No entanto, é dentro de um novo paradigma da ciência, baseada não na primazia da matéria como na antiga ciência, mas na primazia da consciência. A consciência é o fundamento de todo o ser que agora podemos reconhecer como o que a tradição espiritual de Vedanta chama Brahman, e que o cristianismo esotérico chama Deus, ou Cristo.

O poder da intenção.

O experimento de Grinberg também demonstra o poder da nossa intenção, que parapsicólogo Dean Radin também estudou. Um dos experimentos de Radin ocorreu durante o julgamento de OJ Simpson, quando muitas pessoas estavam assistindo o julgamento na TV. Radin corretamente aplicou a hipótese de que as intenções das audiências seriam amplamente variar dependendo se o drama no tribunal foi intenso ou calmo. Esta atividade, ele teorizou, pode influenciar geradores de números aleatórios. Radin pediu a um grupo de psicólogos para traçar e anotar em tempo real, a intensidade do drama no tribunal. Enquanto isso, no laboratório, Radin mediu os desvios de geradores de números aleatórios. Ele descobriu que os geradores de números aleatórios máximo desviou aleatoriedade precisamente enquanto o drama de tribunal foi alta. O que isso significa? O filósofo Gregory Bateson disse, "o oposto da aleatoriedade é a escolha." Assim, a correlação mostra o poder criativo da intenção. Em outra série de experimentos, Radin descobriu que geradores de números aleatórios desviavam aleatoriedade em salas de meditação quando as pessoas meditam juntas, mostrando a alta intenção, mas não em uma reunião do conselho corporativo!
 
 
Eu aposto que você está se perguntando como desenvolver o poder da intenção. Todos nós tentamos manifestar coisas  através de nossas intenções, às vezes funciona, mas com menos frequência do que não. Isto é porque nós estamos em nosso ego, em vez de uma consciência mais elevada, quando se pretende realizar estas manifestação. Mas como podemos mudar isso? Eu proponho um processo de quatro fases:

1 - A intenção deve começar com o ego uma vez que é onde normalmente nós estamos locais e egoístas.

2 - Na segunda etapa, temos e pretensão que todos consigam ir além do egoísmo. Não se preocupe, não vamos perder nada com isso. Quando dizemos "nós" também estamos incluídos.

3 - Na terceira etapa, nós permitimos que nossas intenções tornem-se uma oração: se a minha intenção ressoa com a intenção de toda a consciência quântica, já em seguida, esta consciência quântica fará manifestar aquilo que o grupo intenciona concretizando-a.

4 - Na quarta etapa, a oração deve passar a ser um silêncio, tornando-se uma meditação.

Você deve ter visto um filme recente, O Segredo ou leu o livro com o mesmo título. O filme trata sobre o segredo da manifestação através da nossa intenção. A principal mensagem é boa. Ao se manifestar, o livro e o filme nos ensina, que nós não só precisamos da intenção ativa, mas também temos que aprender a esperar passivamente. Até que o objeto pretendido venha até nós. É por isso que eu recomendo a conclusão dos quatro passos no silêncio, espera. Se esperarmos muito tempo, no entanto, podemos esquecer o que estávamos pretendendo. Então vamos deixar mais curto o tempo de espera e tornar-se mais ativo em nossa busca. Desta forma, o verdadeiro segredo da manifestação é uma alternância entre fazer e ser. Às vezes chamamos isso de fazer e ser, fazer e ser, fazer e ser como estilo de nossas vidas. Na Índia, o povo tem uma postura mental de ser, ser e ser na vida, Você não percebeu? Nos Estados Unidos e do Ocidente, é claro, é fazer, fazer e fazer. O conhecedor da decisão da manifestação através da intenção escolhe sempre o caminho do meio, que é fazer e ser, fazer e ser e fazer.
 
 
Há um segredo no final: Como é que sabemos o que a consciência tem a intenção de manifestar, neste plano existencial, no sentido de que possamos alinhar nossa intenção com a intenção da consciência una? A resposta é a evolução criativa. Consciência tem a intenção de nos evoluir para um bem maior a todos, através de evolução criativa.
 
Este texto foi extraído em uma livre tradução do Inglês para o Português de artigos escritos pelo Dr. Amit Goswami, Ph.D.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Até quando ela suportará - A humanidade esgotou a natureza para este ano.

Em 20 de agosto a humanidade esgotou o seu orçamento da natureza para este ano, o planeta terra passou a operar no vermelho. As informações são da Global Footprint Network – GFN (Rede Global da Pegada Ecológica), instituição parceira da rede WWF, que gera conhecimento sobre sustentabilidade e tem escritórios na Califórnia, Europa e Japão. O Overshoot Day, “Dia da Sobrecarga da Terra”, é a data em que a demanda anual da humanidade sobre os recursos naturais ultrapassaram a capacidade de renovação da natureza. Para chegar a essa data, a GFN faz o rastreamento da demanda da humanidade em termos de recursos naturais, tal como alimentos, matérias primas e absorção de gás carbônico, ou seja, a Pegada Ecológica, e realiza uma comparação da capacidade de reposição desses recursos pela natureza e de absorção de resíduos. São demonstrados nestes dados que, em pouco mais de oito meses, utilizamos tudo o que a natureza consegue regenerar durante um ano. O restante ficou descoberto e nossa conta de consumo dos recursos naturais no vermelho. À medida que aumenta nosso consumo, o débito ecológico cresce na mesma proporção, reduzindo florestas, perda da biodiversidade, colapso dos recursos pesqueiros, escassez de alimentos, diminuição da produtividade do solo e acúmulo de gás carbônico na atmosfera. Tudo isso não apenas sobrecarrega a capacidade de recuperação e manutenção do planeta terra, como também debilita nossa economia e põem em cheque a nossa civilização. “O enfrentamento de tais restrições impacta diretamente as pessoas. As populações de baixa renda têm dificuldade em competir por recursos com o restante do mundo,” afirma Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network e co-criador da Pegada Ecológica, uma medida para contabilizar o uso de recursos naturais.
 
 
Hoje somos 7,2 bilhões de pessoas e, se a população ainda está crescendo, as tecnologias da informação e de transporte permitem multiplicar a economia mundial num ritmo ainda mais acelerado. Apesar disso, em muitos casos, as restrições legais e os cuidados ambientais são vistos como obstáculos ao crescimento econômico, ainda traduzido diretamente em desenvolvimento social e progresso. Por isso, para a Global Footprint Network e Rede WWF, em lugar de dilapidar os recursos, é mais sábio tratá-los como uma fonte contínua de riqueza a ser usada de forma sustentável e estratégica, garantindo um futuro seguro para toda a humanidade. “Para assegurar um futuro limpo e saudável para nossos filhos, é preciso preservar o capital natural que nos resta e cuidar melhor do planeta que chamamos de lar”, afirma Jim Leape, Diretor Geral da Rede WWF. De acordo com a Secretária Geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, cidadãos e governos têm papel fundamental na redução dos impactos do consumo sobre os recursos naturais do planeta. “Políticas públicas voltadas para esse fim, como a oferta de um transporte público de qualidade e menos poluente, construção de ciclovias, e o estímulo ao consumo responsável, por exemplo, são essenciais para reduzir a Pegada Ecológica. E este é um papel dos governos”, ressalta. Já os cidadãos, na opinião de Maria Cecília, devem cobrar dos governos e dos políticos a criação e aplicação de politicas deste tipo. “Mas enquanto elas não existem, nós podemos fazer nossas escolhas lembrando que nosso planeta é finito, como é a nossa conta no banco”, salienta.
 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Minhas filhas, minha vida! - Para aqueles que buscam um sentido na vida.


Com a mente se entende e com o coração se compreende o significado das coisas, por que a compreensão produz marcas na alma e ilumina todo o ser. Há doze anos eu recebi duas menininhas como presentes do Grande Arquiteto do Universo. Elas com seus olhos negros e fortes, rosto de anjo, lábios lindos e bem desenhados. O período de gestação de minha esposa foi tranquilo, levando em conta a normalidade da maioria das gestações. Quando minha esposa começou a sentir as primeiras dores do parto, já próximo do nono mês, eu  e minha esposa rapidamente começamos a busca pelo seu médico, nós gostaríamos que ele fizesse o parto, porém, depois de muitas tentativas não conseguimos de forma alguma localiza-lo. As dores, na medida em que o tempo passava, foram aumentando de intensidade e como já sabíamos que o nascimento seria de gêmeas, não podíamos esperar muito e logo tratamos de nos encaminharmos para o hospital agendado onde seria realizado o parto. Quando lá chegamos realizamos todos os procedimentos burocráticos para que minha esposa fosse admitida como paciente daquele hospital e de imediato fomos encaminhados para um apartamento no qual aguardaríamos a sequencia, que seria a entrada para a sala de parto.  Nestes momentos de tensão não conseguimos ter a percepção do tempo e tudo aconteceu de forma rápida e sem mais delongas, a vida sempre nos prepara surpresas e nos envolve de uma forma muito singular, quando chegamos à entrada para sala de parto, para nossa surpresa, lá estava o médico que havia acompanhado toda a gravidez de minha esposa, estava ele de plantão e por esta causa não pode atender ao telefone. Minha alma sentiu uma tranquilidade naquele momento, sendo que eu havia acompanhado minha esposa em todas as consultas de pré-natal e havia adquirido certa confiança por aquele profissional. O tempo não esperava, as menininhas queria nascer e para isso se esforçavam, provocando fortes dores. Depois de algumas considerações sobre qual seria o procedimento mais adequado para aquela situação, todos decidimos que o melhor seria a realização de uma cesariana, pois as crianças estavam bem grandes e saudáveis e havia a possibilidade de uma nascer de parto normal e a outra nascer através da intervenção cirúrgica e para que isso não acontecesse, nós três decidimos que o melhor a ser feito, apesar da vontade de minha esposa em tê-las pelo parto normal. O tempo escorria como a areia da ampulheta e enquanto preparavam minha esposa para o procedimento cirúrgico eu rapidamente troquei minhas roupas e me preparei para entrar na sala de cirurgia, não queria perder nenhum detalhe e queria estar presente quando minhas filhas dessem o primeiro fôlego de vida, o primeiro choro, acompanhar a limpeza a massagem, ver o seu rostinho lindo envolto pelas toalhas, eu estava mesmo muito ansioso e confiante. Após o procedimento da anestesia, Dr. Otávio procedeu à abertura do ventre de minha esposa e neste meio tempo eu combinava com ela qual seria o nome da primeira que nascesse. Minha esposa estava tranquila, serena, seu rosto brilhava como a mãe terra quando dá a luz e vida a todos. Seu rosto estava vermelho, sua voz carregada de emoção, eu segurava suas mãos firmemente como se dissesse “Eu estou aqui, não tenha medo!”. Após a abertura de seu ventre, Dr. Otávio chamou minha atenção para que eu visse a primeira menininha nascer. Foi quando ele segurando-lhe pelos pés levantou-a e disse “Pai, qual é o nome desta menina?”, eu emocionado olhei para minha esposa e quase uníssonos dissemos, “É Laura o nome dela!”, de imediato ela foi envolvida pelas toalhas cirúrgicas que uma enfermeira de pronto estava a esperar, meu coração parou naquele momento, me apaixonei, segurei a emoção enquanto a enfermeira trazia a Laura para que se aconchegar-se um pouco sobre o peito de minha esposa, neste momento senti toda a Eternidade, Ela está conosco neste momento, os meus ancestrais ali estavam, felizes, “Bendita seja as mulheres que nos amam, nos amamentam, nos acolhe com seu amor incondicional e nos faz bons Homens! Namaste! Mójubà!”. Enquanto escrevo, minha alma e meus pensamentos transcendem e mais uma vez eu entro no Grande Templo Branco, prostro-me em lágrima diante da Grande Arquiteto do Universo e agradeço pelas suas maravilhas e pelo seu amor. Hurra! Hurra! Desabafo eu em minha solidão. Após alguns instantes, novamente minha atenção se volta para o Dr. Otávio e novamente a mesma cena se repete, segura pelos pés lá estava à segunda menininha e novamente ouço a mesma pergunta feita pelo médico, “Pai, qual o nome desta menina?” e novamente de forma uníssona, minha esposa e eu respondemos, “É Vitória o nome dela!”, os mesmos procedimentos também foram realizados na Vitória e novamente fomos envolvidos pela emoção daquele instante, ambas estavam envoltas em uma camada esbranquiçada, sua pele avermelhada, provavelmente pelo esforço de querer nascer, mas foram logo recompensadas ao se aconchegarem confortavelmente sobre o peito de minha esposa e com seus olhos semiabertos olhavam para minha esposa como se procurasse reconhece-la. Eu olhava aliviado, orgulhoso e feliz. Eu estava cheio de cuidados e enquanto o médico obstetra fazia as suturas em minha esposa, rapidamente eu me despedi dela e como havia sido combinado antecipadamente, fui acompanhar o primeiro banho das meninas, os exames preliminares de praxe e o restante da limpeza que a médica pediatra faria. Ao sair da sala de cirurgia, ainda encontrei a Vitória sendo estimulada a respirar sozinha pela enfermeira e a médica pediatra, estava preguiçosa e com dengo. Passado todos aqueles momentos do nascimento, nosso amor por elas envolvia-nos de uma forma muito forte. As pequenas meninas que nasceram com 2.500 gramas, agora já contavam com dois anos de idade, estavam fortes e apresentavam uma evolução física que estava dentro daquilo que é esperado como normal para todas as crianças de igual idade. Nós acompanhávamos cada estágio do seu desenvolvimento, tanto físico como mental, observávamos seus gestos e seus comportamentos. Porém em certa oportunidade, minha esposa e eu, passamos observar que elas eram mais agitadas que as demais crianças no mesmo estágio de desenvolvimento, não nos fitavam nos olhos, choravam de forma intermitente, vocalizavam com sons do tipo “pequenos gritos”, apresentavam estereotipias com as mãos e tinham um comportamento isolado. Eu, em um primeiro momento quis desviar a atenção daquelas observações que havíamos feito, mas minha esposa insistia que havia alguma coisa de errado com as meninas e que deveríamos investigar. Os dias se passaram e sempre conversamos sobre a questão das meninas e seu desenvolvimento e eu sempre procurava desviar a atenção e até ofereci alguma resistência que logo foi vencida pelos fatos. Eu não podia acreditar que elas eram diferentes, mas como a vida é um caminho para aqueles que embora tenham os olhos cobertos pelas lágrimas, não param de caminhar, não seria eu que iria parar a beira do caminho e lamentar. Como sempre conversávamos e tentávamos compreender o que havia acontecido, um dia decidimos buscar ajuda especializada, peregrinamos de consultório a consultório e sempre os “especialistas” diziam, ”Esse comportamento é comum para crianças gêmeas, não se preocupem, elas com o tempo se recuperam.”, e assim foi, um “especialista” atrás do outro, e haja dinheiro!  Nós precisávamos de um especialista que as diagnosticasse o que estava acontecendo com elas, mas como? Quem? Aonde? Quanto custará? Tornamo-nos obsessivo pelo assunto e tudo o que falasse a respeito que de alguma forma pudesse ajuda-las, minha esposa e eu estávamos lá. Foi quando, depois de diversas pesquisas, livro, artigos e jornais, nós decidimos pela realização do sequenciamento genético delas. O exame custou todas as nossas economias, mas valeu a pena. Quando o geneticista marcou conosco uma reunião para nos informar o resultado, na noite anterior à consulta quase não dormimos, a expectativa era enorme e a vontade de que tudo se resumisse em um pequeno problema de rápida solução também aumentava a nossa ansiedade. Minha esposa e eu chegamos ao consultório do geneticista uns 10 minutos antes da hora marcada, minha mente estava concentrada em fazer manifestar neste plano existencial, uma sobreposição de fatos que nos beneficiasse, por que acredito que eu sou o que faço e estou naquilo que fiz, sou filho das minhas próprias obras e senhor do meu destino. Quando fomos chamados, nos entreolhamos, entramos no consultório do geneticista e ele nos recebeu de forma muito cortes, solicitou que sentássemos e de forma calma e metódica começou a abrir o envelope que continha o resultado do sequenciamento genético. Minha vontade era de retirar o envelope de suas mãos e abrir rapidamente, mas me contive e aguardei passivamente ele discorrer sobre a técnica utilizada naquele mapeamento. Depois de mais alguns instantes, finalmente ele apresentou um diagnóstico dizendo, “Elas possui um pequeno alongamento no sequenciamento em um dos cromossomos X, o qual nós designamos como uma zona cinza e que faz manifestar a síndrome do X Frágil, o alongamento de um dos cromossomos X provoca a manifestação de algumas das pautas autistas também. O comprometimento do desenvolvimento mental de ambas não será severo por que elas são do sexo feminino e possuem dois cromossomos X. Portanto, de todas as más notícias que eu poderia lhes dar, está é a mais amena e a melhor diante do quadro que se apresenta, disse ele.”. Minha esposa e eu estávamos sem compreender direito o que estava se passando, eu havia projetado muita energia para que a sobreposição dos fatos nos favorecesse, mas não conseguia ainda ter uma ideia clara do que aquilo significava, embora o mais importante era que tínhamos um diagnóstico e isso era o que buscávamos naquele momento. Passamos dias a analisar e absorver todas aquelas informações, tínhamos de ser rápido e retomar todas as nossas pesquisas e estudos e ainda de posse deste diagnóstico passamos a entender e requerer os direitos que a lei nos assegura e isso nos aliviou um pouco, por que, quando se tem um diagnóstico é mais fácil aplicar um tratamento e buscar os recursos necessários para isto. Embora ainda eu afirmo, muito dos nossos recursos foram desperdiçados em consultas com “especialistas”, mas o único que conseguiu nos dizer o que estava acontecendo com elas foi o geneticista, por que os demais, somente levaram os nossos recursos, somente isso. Passado aqueles dias de intensa expectativa e apreensão, nós não nos contentamos e fomos estudar, devoramos livros e livros, tínhamos pressa, as meninas não podiam esperar e elas precisavam de ajuda. Minha esposa se lançou a ler livros como do Glenn Doman, “Como Multiplicar a Inteligência do Seu Bebê”, método Aprendizagem Precoce, Smart Card, Método Teacch da Dra. Carla Gikovate, Método ABA, Método Son Rise e eu tentava a todo o custo acompanha-la em sua jornada. Em nosso calvário fomos expulsos de escolas particulares, as meninas excluídas pelos professores, machucadas, feridas, mas nunca desamparadas, meu coração a cada dia buscava firmeza na esperança e confiava. Nas salas de cinema pediam constantemente para que elas ficassem quietas e nós insistíamos em socializa-las, por que a oposição das forças é a renovação do poder da vida. Pensamos que ser diferente é normal e a sociedade brasileira se não havia aprendido como tratar as suas diferenças, iriam aprender agora, por que minha esposa e eu estávamos dispostos a morrer pelas nossas pequenas. Não iria escondê-la de forma alguma, quanto maior a exclusão social que sofremos, até por familiares, maior foi a nossa insistência de que ser diferente é normal. Sempre que éramos convidados para algum evento, automaticamente as meninas também o eram, nunca as deixamos em casa e saímos sozinhos. Na ansiosa busca por apoio e orientação, soubemos que o Brasil é signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Ao ter conhecimento desta convenção, imediatamente nos lançamos a nos inteirar sobre o seu conteúdo e descobrimos o Decreto Nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 e outras tantas leis. Sentimos uma esperança e tínhamos uma convenção internacional e um decreto no Brasil que tratava dos direitos das pessoas portadoras de deficiência e os deveres do estado brasileiro para com eles. Apesar de haver uma lei que assegura os direitos das pessoas portadoras de especialidades, aqui no Brasil as leis existem apenas para não serem cumpridas, não há estrutura para o atendimento especializado, o conhecimento desta área é precária, os “especialistas” coitados, mal sabem do que se trata, andam tateando entre uma hipótese e outra, mas mesmo assim minha esposa e eu saímos a campo, as meninas tem direitos e devem ser respeitados pela sociedade e pelo estado brasileiro. Depois de meses peregrinando por um setor ou outro da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná, ficou-me a impressão de que as pessoas que lá comandam queriam me vencer pelo cansaço, mas mesmo assim, são as minhas filhas e elas precisam e acima de tudo tem direito. Depois de passarmos por diversas escolas públicas e constatarmos e falta de estrutura, de formação, de conhecimento, de preparo profissional e até de boa vontade, mais aumentava a nossa insistência e confiança de que o Grande Arquiteto do Universo iria tudo providenciar. Foi quando em uma pequena escola municipal conhecemos o Prof. Valdeir Queiroz, sendo que, ele passou a lecionar exclusivamente para a Laura como professor assistente em sala e com uma abordagem que inclui a disciplina, socialização e inserção no conhecimento, ele conseguiu uma evolução fantástica, já a Vitória não teve tanta sorte, várias professoras que por ela passaram não conseguiram criar um vínculo de confiança que facilitasse o acesso às janelas de oportunidades por ela oferecidas e não conseguiram proporcionar a mesmo desenvolvimento que a Laura tem alcançado com o Prof. Valdeir, embora a convivência entre as duas tem proporcionado de forma indireta um bom desenvolvimento para a Vitória, mas ainda assim ela está em atraso em relação à Laura.
Vitória
Hoje as duas estudam na mesma escola e cursam o 6º ano do ensino fundamental, a Vitoria tem um senso de humor muito bom, é doce, carente, dengosa, caminha nas pontas dos pés, até parece uma bailarina, já a Laura, é mais ágil e rápida, impaciente, geniosa, amorosa, beijoqueira e gosta de sua individualidade. Tudo elas compartilham com as crianças que nos visitam, seus brinquedos, seus espaços, seus notebooks, tudo sem exceção. São crianças que possuem a síndrome do X Frágil e apresentam pautas autistas, penso que o Grande Arquiteto do Universo quando preparou o plano de preexistência para as duas, compreendeu que necessitava de novas experiências com os homens, Fez-Se a imagem e semelhança delas, manifestou a ideia de Si mesmo nelas e exalta estas pequeninas até o infinito da eternidade.
Laura

Elas, as minhas filhas e outras crianças na mesma situação, são uma forma de o Grande Arquiteto do Universo conceder a mim e aos homens a oportunidade de encontrar um sentido para a vida. Acreditar nisto é anuir ao que não se sabe ainda, mas a razão apontando para o futuro nos diz saber ou ao menos reconhecer que nisto há verdade. Estas crianças vivem a lógica da vida e encontram na lógica o sentido para sua vida. Possuem seu próprio mundo e elas são o seu mundo! Quando falam, choram, gesticulam e gritam, somente elas estão nos oferecendo uma “janela de oportunidade”, para que possamos utiliza-la na introdução dos conhecimentos necessários para a manutenção da vida em sociedade. Cabe a nós o esforço da observação e compreensão de sua complexidade. É como escrever em um livro que contém apenas folhas em branco, nada está escrito, tudo precisa ser dito, definido e interpretado. Elas nos oferecem constantemente estas “janelas de oportunidades”, cabe a nós transforma-las em “portas de oportunidades” e através destas “portas de oportunidades”, fazermos florescer o ser interior que está enclausurado e pede para sair. Liberte-os, quebre as correntes, penetre em seu mundo através da observação, não desista, resista, insista, por que a última vitória dos casais que passam por esta experiência, é vencer o apelo do egoísmo e do desespero, não pela vergonha, mas por uma esperança maior, que está contida na fé. Ame-as, elas sabem quando são amadas. Beije-as, elas sabem quando são beijadas. Abrace-as e elas se sentirão acolhidas e protegidas e como recompensa, se é que se faz necessário, você receberá um sorriso dos lábios manifestando o que o coração procurava e encontrou…, o amor, e os pequenos olhos dizendo o que a boca não consegue exprimir. Lembre-se que o Grande Arquiteto do Universo se experimenta de forma subjetiva na vida destas crianças.

domingo, 18 de agosto de 2013

Quando suas mãos estiverem livres.

 

Nesta sociedade na qual o homem construiu um nível de civilização que, a cada instante somos confrontados com uma enxurrada de opções de como deixarmos nos envolver e ocuparmos o nosso tempo. A velocidade com que as informações circulam impressiona até um homem como eu, que aos meus 47 anos de idade e trabalhando a mais e de 15 anos com a tecnologia da informação se vê encantado e atraído pelas luzes dos dispositivos tecnológicos que atraem, encantam e envolvem, absorvendo-nos por completo. O tempo, sendo uma soma de instantes que aponta inexoravelmente para frente e apresenta-nos oportunidade de agarrar determinados momentos ou perde-los para sempre na eternidade do passado. Uma das verdades dolorosas desta sociedade é a distração oferecida pela tecnologia que aliena e produz um isolamento “compartilhado”, de tal forma que nos sentimos socialmente inclusos e solitários em nossa individualidade. Admitir dolorosamente que a sociedade está excessivamente ligada, individualizada e solitária, são insights que provoca um desconforto e exige uma reflexão de imediato. Lembro-me de minha infância, éramos oito irmãos, quatro meninas e quatro meninos. Minha mãe, quando nos levava para o centro da cidade, ia todos ao encontro do meu velho pai, e este tomado por um zelo rigoroso fazia de imediato a contagem dos filhos para se certificar que nenhum havia ficado para trás ou se perdido entre a multidão de transeuntes, que nem era tanto assim naquela época. Eles, meu pai e minha mãe, estavam conosco nos orientando, conduzindo, assinando, advertindo, corrigindo e acima de tudo nos amando. O dispositivo eletrônico mais próximo de nós, naquela época, era o sinal de trânsito nos cruzamentos entre as ruas, que meu velho pai, de pronto a todos parava e com sua voz forte, naquele local, nos ensinava dizendo a minha querida mãe; “- Jurema, preste atenção, sempre que atravessar uma rua olhe para os dois lados para ver se não vem nenhum carro!”, exclamava ele. O dialogo durante todo trajeto era cercado de curiosidade e explicações que prontamente ele nos dava. A vida era mais simples, a vida era mais gostosa! Hoje quando nos reunimos, eu e meus irmãos, a cada instante estamos fotografando ou filmando e postando na web ou ainda verificando mensagens da caixa de e-mail e acessando as redes sociais. Confronto-me com uma realidade na qual estamos perdendo o contato humano, a evolução tecnológica nos obriga a termos uma habilidade fenomenal em digitar rapidamente longos textos para não sermos atropelados pelo assunto. O frenesi tecnológico nos toma por completo e precisamos manter o celular sempre ligado, mesmo que ao tocar interrompa um diálogo entre você e a pessoa que ama. Ainda que você esqueça seu celular em algum cômodo de sua casa, seu pequeno filho, ainda que não compreenda por completo, levará seu aparelho até você como se fosse um aparelho de oxigenação. Qualquer jogo ou rede social é mais importante que o compartilhar alguns momentos com as crianças. A negligência dos rituais diários, do beijo no rosto, do afago, do abraço e das verdadeiras expressões de amor, apenas são respondidas por um rápido; “Uh hum, uh hum!”. Quando somos interrompidos no momento do ápice de nossa relação com o dispositivo eletrônico, nos sentimos incomodados por aqueles que nos amam. A sede de conexão nos expõe ao perigo, atendendo, lendo e respondendo mensagens diante de um sinal de trânsito e com tudo isso perdemos… perdemos tempo, conexões humanas verdadeiras, recordações, o conhecer e ser conhecido pelas pessoa que amamos e ainda nos pequenos momentos de lucidez resta-nos apenas um miserável sentimento de pesar. Eu como pai e profissional que sou, tenho enfrentado este desafio diariamente, busco estar atento para que minhas mãos estejam livres, mas confesso não é fácil, o mundo inteiro está conectado, a comunicação com meu trabalho é importante e preciso estar disponível a qualquer momento. Tenho feito um esforço hercúleo para não sacrificar a minha relação com as pessoas que eu amo. Tenho tirado um tempo para olhar nos olhos de minhas filhas e estar totalmente presente, afago os seus cabelos e digo o quanto eu as amo, seguro sua mãos, faço-as deitar sobre o meu peito para que ouçam as batidas do meu coração, lanço beijos a distância e como recompensa, vejo seus rostos sendo iluminado por um sorriso gostoso. Brinco e adoro ouvir a sua risada, intercalada com dizeres, “Me larga papai!”, fazem meu coração renascer. Nesta pequena reflexão posso dizer que a reserva de um tempo com conexões humanas verdadeiras, ou seja, não virtualizadas, é uma fábrica de boas lembranças que produz uma conexão eterna entre você e as pessoa a quem ama, o fluxo da energia da vida é restabelecida, o amor floresce, o sentido das coisas aparece e nisso há felicidade. Entre todas as coisas que escrevi e todas as coisas que disse, elas somente podem se concretizar… Quando suas mãos estiverem livres! 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O dia em que parei de mandar minha filha andar logo.

Quando se está vivendo uma vida distraída, dispersa, cada minuto precisa ser contabilizado. Você sente que precisa estar cumprindo alguma tarefa da lista, olhando para uma tela, ou correndo para o próximo compromisso. E não importa de quantas maneiras você divide o seu tempo e atenção, não importa quantas obrigações você cumpra em modo multitarefa, nunca há tempo suficiente em um dia. Essa foi minha vida por dois anos frenéticos. Meus pensamentos e ações foram controlados por notificações eletrônicas, toques de celular e uma agenda lotada. Cada fibra do meu sargento interior queria cumprir com o tempo de cada atividade marcada na minha agenda superlotada, mas eu nunca conseguia estar à altura.
 

Veja bem, seis anos atrás, eu fui abençoada com uma criança tranquila, sem preocupações, do tipo que pára para cheirar flores. Quando eu precisava sair de casa, ela estava levando seu doce tempo pegando uma bolsa e uma coroa brilhante. Quando eu precisava estar em algum lugar há cinco minutos, ela insistia em colocar o cinto de segurança em seu bichinho de pelúcia. Quando eu precisava pegar um almoço rápido num fast food, ela parava para conversar com uma senhora que parecia com sua avó. Quando eu tinha 30 minutos para caminhar, ela queria que eu parasse o carrinho e acariciasse todos os cachorros em nosso percurso. Quando eu tinha uma agenda cheia que começava às 6h da manhã, ela me pedia para quebrar os ovos e mexê-los gentilmente. Minha criança sem preocupações foi um presente para minha personalidade  apressada e tarefeira – mas eu não pude perceber isso. Ó não, quando se vive uma vida dispersa, você tem uma visão em forma de túnel – sempre olhando para o próximo compromisso na agenda. E qualquer coisa que não possa ser ticada na lista é uma perda de tempo. Sempre que minha criança fazia com que desviasse da minha agenda principal, eu pensava comigo mesmo: “Nós não temos tempo pra isso.” Consequentemente, as duas palavras que eu mais falava para minha pequena amante da vida eram: “anda logo”.
Eu começava minhas frases com isso:
Anda logo, nós vamos nos atrasar.
Eu terminava frases com isso:
Nós vamos perder tudo se você não andar logo.
Eu terminava meu dia com isso.
Anda logo e escove seus dentes.
Anda logo e vai pra cama.
Ainda que as palavras “anda logo” fizessem pouco ou nada para aumentar a velocidade de minha filha, eu as dizia de qualquer maneira. Talvez até mais do que dizia “eu te amo”.
 
A verdade machuca, mas a verdade cura… e me aproxima da mãe que quero ser. Até que em um dia fatídico, as coisas mudaram. Eu havia acabada de pegar minha filha mais velha de sua escola e estávamos saindo do carro. Não indo rápido o suficiente para o seu gosto, minha filha mais velha disse para sua irmã pequena, “você é lenta”. E quando, após isso, ela cruzou seus braços e soltou um suspiro exasperado, eu me vi, e foi uma visão de embrulhar as tripas. Eu fazia o bullying que empurrava e pressionava e apressava uma pequena criança que simplesmente queria aproveitar a vida. Meus olhos foram abertos; eu vi com clareza o dano que minha existência apressada estava causando às minhas duas filhas. Com a voz trêmula, olhei para os olhos da minha filha mais nova e disse: “Me desculpe por ficar fazendo você se apressar, andar logo. Eu amo que você, tome seu tempo e eu quero ser mais como você”. Ambas me olharam surpresas com a minha dolorosa confissão, mas a face da mais nova sustentava o inequívoco brilho da aceitação e do reconhecimento. "Eu prometo ser mais paciente daqui em diante”, disse enquanto abraçava minha filha de cabelos encaracolados. Ela estava radiante diante da promessa recém-descoberta de sua mãe. Foi bem fácil banir o “anda logo” do meu vocabulário. O que não foi tão fácil foi adquirir a paciência para esperar pela minha vagarosa criança. Para nos ajudar a lidar com isso, eu comecei a lhe dar um pouco mais de tempo para se preparar se nós tivéssemos que ir a algum lugar. Algumas vezes, ainda assim, ainda nos atrasávamos. Foram tempos em que eu tive que reafirmar que eu estaria atrasada, nem que se fosse por alguns anos, se tanto, enquanto ela ainda é jovem. Quando minha filha e eu saíamos para caminhar ou íamos até a loja, eu deixava que ela definisse o ritmo. Toda vez que ela parava para admirar algo, eu afastava os pensamentos de coisas do trabalho e simplesmente a observava as expressões de sua face que nunca havia visto antes. Estudava com o olhar as sardas em sua mão e o jeito que seus olhos se ondulavam e enrugavam quando ela sorria. Eu percebi que as pessoas respondiam quando ela parava para conversar. Eu reparei como ela encontrava insetos interessantes e flores bonitas. Ela é uma observadora, e eu rapidamente aprendi que os observadores do mundo são presentes raros e belos. Foi quando, finalmente, me dei conta de que ela era um presente para minha alma frenética. Minha promessa de ir mais devagar foi feita há quase três anos e ao mesmo tempo eu comecei minha jornada de abrir mão das distrações diárias e agarrar o que importa na vida. E viver num ritmo mais devagar demanda um esforço concentrado. Minha filha mais nova é meu lembrete vivo do porquê eu preciso continuar tentando. E de fato, outro dia, ela me lembrou de novo. Nós duas estávamos fazendo um passeio de bicicleta, indo para uma barraquinha de sorvetes enquanto ela estava de férias. Após comprar uma gostosura gelada para minha filha, ela sentou em uma mesa de piquenique e observou deliciada a torre gélida que tinha em suas mãos. De repente, um olhar de preocupação atravessou seu rosto. “Devo me apressar, mamãe?” Eu poderia ter chorado. Talvez as cicatrizes de uma vida apressada nunca despareçam completamente, pensei, tristemente. Enquanto minha filha olhava para mim esperando para saber se ela poderia fazer as coisas em seu ritmo, eu sabia que eu tinha uma escolha. Poderia continuar sentada ali melancolicamente lembrando o número de vezes que eu apressei minha filha através da vida… ou eu poderia celebrar o fato de que hoje estou tentando fazer as coisas de outra forma.
Eu escolhi viver o hoje.
“Você não precisa se apressar.
Tome seu tempo”, eu disse gentilmente.
Toda sua cara instantaneamente abrilhantou-se e seus ombros relaxaram. E então ficamos sentadas, lado a lado, falando sobre coisas que crianças de 6 anos que tocam ukelele gostam de falar. Houve momentos em que ficamos em silêncio, sorrindo uma para a outra e admirando os sons e imagens ao nosso redor. Eu imaginei que ela fosse comer todo o sorvete – mas quando ela chegou na última mordida, ela levantou uma colherada repleta de cristais de gelo e suco para mim. “Eu guardei a última mordida pra você, mamãe”, disse orgulhosa. Enquanto aquela delícia gelada matava minha sede, eu percebi que consegui um negócio da China. Eu dei tempo para minha filha e em troca ela me deu sua última mordida de sorvete e me lembrou que as coisas tem um gosto mais doce e o amor vem mais dócil quando você para de correr apressada pela vida. Seja comendo sorvete, pegando flores, apertando o cinto de bichinhos de pelúcia, quebrando ovos, encontrando conchinhas, observando joaninhas ou andando na calçada. Nunca mais direi: “Não temos tempo pra isso”, pois é basicamente dizer que não se tem tempo para viver. Tomar seu tempo, pausar para deleitar-se com as alegrias simples da vida é o único jeito de viver de verdade – acredite em mim, eu aprendi da especialista mundial na arte de viver feliz.
 
 
O texto abaixo foi publicado originalmente em inglês no blog “Hands free mama”,  é de autoria de Rachel Macy Stafford, uma professora de educação especial.  Clique aqui para ler o texto original no inglês.

Fukushima - Um pesadelo que somente começou.

 Limpeza de Fukushima vai demorar mais de 40 anos, diz agência nuclear.


Após vazamentos e invasão de ratos, a Agência Internacional de Energia Atômica pediu para a empresa administradora de Fukushima "melhorar a confiabilidade de sistemas essenciais", crucial para "a integridade estrutural das instalações do local" e "para melhorar a proteção contra perigos externos".
 
Central nuclear de Fukushima tem novo vazamento de água radioativa.

Este já é o terceiro vazamento registrado na central nos últimos dias. O acidente ocorreu nos arredores do depósito número um, que fica situado debaixo do solo. Empresa responsável diz que as causas do problema ainda são desconhecidas. Desastre poderia ter sido, pelo menos, dez vezes mais grave, caso a radiação não tivesse caído no mar. 
 
 
Um ano depois, crise em Fukushima ainda não terminou.

O derretimento de reatores em Fukushima fez com que fosse lançada no meio ambiente uma grande quantidade de radioatividade. As consequências ambientais desse vazamento só poderão ser verificadas em vários anos. A radioatividade arrasou a agricultura e a criação de animais local, com um impacto econômico dramático. Para manter a situação "sob controle" é necessário injetar água continuamente nos reatores, gerando uma quantidade colossal de água radioativa. Desativação de reatores gerou uma grave crise energética no país.
 
 
Lições de Fukushima, um ano depois.

No dia seis de março, a organização Greenpeace apresentou, na Espanha, um relatório sobre as lições de Fukushima, onde defende que o terremoto e o tsunami não foram as causas principais do acidente nuclear da planta de Fukushima Daiichi, na costa leste do Japão, há um ano. O documento enfatiza as responsabilidades políticas e técnicas do governo japonês e da empresa responsável pela usina, um assunto que vem se mantendo em segundo plano nos meios de comunicação ocidentais.  
 

O cardápio atômico japonês.

A crise nuclear criou uma nova vertente na requintada culinária japonesa, o cardápio atômico. O que era apresentado como um pequeno problema temporário, tornou-se, seis meses depois, um grave problema socioeconômico. Vacas, javalis, peixes frutas e folhas de chá, entre outros produtos, apresentam contaminação por césio. Arroz também está sob suspeita. Milhares de agricultores e pescadores exigem indenização.   
 

Radiação recorde é detectada em Fukushima.


Um grau de radioatividade “fatal para os seres humanos” foi detectado perto do sistema de ventilação entre dois reatores da central nuclear japonesa de Fukushima, segundo a empresa responsável pelo seu funcionamento. Embora a empresa afirme que as leituras não dificultarão seu objetivo de estabilizar os reatores de Fukushima até janeiro, os especialistas questionam que a segurança dos trabalhadores estará em perigo se a Tepco priorizar o cumprimento dos prazos acima dos riscos de radiação.
   

Japão ordena testes de stress em 54 reatores nucleares.


O objetivo do governo japonês é acabar com as dúvidas dos cidadãos em relação à segurança da energia nuclear. Desde que um tsunami atingiu, no dia 11 de março, a central nuclear de Fukushima, causado por um sismo de magnitude 9 na escala de Richter, apenas 19 dos 54 reatores do Japão estão em funcionamento. Em Fukushima, os trabalhadores continuam a trabalhar para estabilizar os reatores afetados e a estancar as fugas de radioatividade.
 

Limpeza de Fukushima nas costas dos trabalhadores.

Os altos índices de radiação dentro do recinto dificultam seriamente os esforços de recuperação, só permitindo o ingresso dos trabalhadores por períodos de 15 minutos. Funcionários começam a ser considerados símbolos da resistência nacional. Também é crescente popularidade dos chamados “grupos suicidas”, encabeçados pelo engenheiro aposentado Yasuteru Yamada e integrado por homens com mais de 60 anos dispostos a trabalhar na usina de Fukushina. Mais de 300 pessoas já se inscreveram nesses grupos. 

"Fukushima é muito pior do que se imagina".

Alerta é de ex-dirigente da indústria nuclear. “Fukushima é a pior catástrofe industrial da história da humanidade”, disse Arnold Gundersen, à rede de televisão Al Jazeera. Cientistas independentes têm monitorado a localização de lugares radioativos perigosos em todo o Japão e seus resultados são desconcertantes. “temos 20 núcleos expostos, os tanques de combustível têm vários núcleos cada um, ou seja, há um potencial para liberar 20 vezes mais radicação do que ocorreu em Chernobyl”, afirma Gundersen. Médicos alertam para possibilidade de chuva radioativa já afetar os Estados Unidos.
 
Os múltiplos desafios de 2011 para o sistema de energia global .

Rebeliões em países produtores de petróleo somam-se aos efeitos do desastre japonês e uma seca histórica para colocar pressão sobre a produção energética do planeta. Nos próximos 20 anos quatro novas Arábias Sauditas serão necessárias, diz representante da Agência Internacional de Energia. Quando comparadas aos efeitos de alguns eventos geopolíticos que 2011 tem nos apresentado, as turbulências dentro da Opep se assemelham a um suave balançar de berço. "A era do petróleo barato acabou", adverte economista chefe da Agência Internacional de Energia Atômica.
  
 

Energia nuclear divide a Europa após desastre de Fukushima.

As divisões na Europa sobre a energia nuclear se ampliaram depois de Fukushima, com a Grã-Bretanha e a França seguindo como firmes apoiadores, enquanto que a Itália suspende planos para a construção de novas fábricas e a Alemanha passa a dar passos rumo a uma eliminação gradual. O gabinete suíço defendeu a aposentadoria dos cinco reatores nucleares do país e o uso de novas fontes de energia para substituí-los. A recomendação será debatida no parlamento, com a decisão esperada para junho, com os reatores podendo ser desativados entre 2019 e 2034.
 

Fukushima abre era pós-nuclear.

Fukushima marca o fim de uma ilusão e o início da era pós-nuclear. Os defensores da opção nuclear têm agora de admitir que Fukushima modificou radicalmente o enunciado do problema energético. E que daqui para a frente se impõem quatro imperativos: parar a construção de novas centrais; desmantelar as que existem num prazo máximo de trinta anos; impor uma frugalidade extrema no consumo de energia; e tirar pleno partido das energias renováveis. Só assim se poderá talvez salvar o nosso planeta. E a humanidade.
  

Fukushima ou a desumanidade capitalista.

As precárias condições de trabalho em uma situação de altíssimo risco ameaçam a vida de soldados, bombeiros e empregados de empresas terceirizadas que estão em Fukushima. Isso mostra a desumanidade cotidiana do capitalismo para quem a saúde e a vida dos trabalhadores – ou das populações vizinhas, vítimas da contaminação, representam apenas uma variável ajustável, como os salários. Em nome do lucro dos acionistas, a Tepco rejeitou adotar medidas de segurança legalmente exigidas. E se for preciso, a empresa declarará falência para deixar o Estado encarregado das indenizações.
  

Manifestação antinuclear reúne mais de 15 mil em Tóquio.

A manifestação de domingo, que contou com a participação da juventude e de uma grande quantidade de mulheres e também com a presença de crianças, parece ser o despertar lento da consciência antinuclear japonesa. Depois do 11 de março ocorreram apenas algumas pequenas manifestações. Um mês após a tragédia, as incertezas continuam. E, apesar de toda a falta de informação confiável na imprensa japonesa, parece que estamos a presenciar a retomada histórica da luta antinuclear japonesa.
 

O apocalipse japonês explicado ao Ocidente.

Como o 11 de setembro transformou os Estados Unidos, o 11 de março transformará o Japão. O cataclismo será um eletrochoque e a reconstrução se converterá no objetivo nacional do qual carecem hoje os japoneses? O fato de ter roçado o Apocalipse os levará a reconsiderar um modo de desenvolvimento, onde um único acidente pode transformar uma de suas megalópoles em um deserto envenenado? Estas perguntas dirigem hoje todo o futuro do Japão.

Jogando com o planeta.

Especialistas nas indústrias nuclear e financeira nos garantiam que as novas tecnologias praticamente eliminaram os riscos de catástrofes. Eventos mostraram que isso não era verdade: não apenas os riscos existiam como suas consequências eram tão grandes que elas facilmente superaram os supostos benefícios dos sistemas que os líderes dessas indústrias promoviam. Para o planeta há mais um risco, que como os outros dois, é quase uma certeza: aquecimento global.  
 

Japoneses e alemães pedem fim do uso de energia nuclear.

Primeiros protestos em Tóquio e Nagoya pedem o encerramento de todas as centrais nucleares no Japão. Os manifestantes pediram ao governo que mude de política e adote fontes de energia renováveis em vez da energia nuclear. Exigiram também que seja divulgada mais informação sobre o acidente nuclear e que se assumam mais responsabilidades por aquilo que aconteceu desde o sismo e o tsunami que abalaram o país a 11 de Março. Nas quatro maiores cidades da Alemanha, mais de 200 mil pessoas foram às ruas protestar contra o uso da energia nuclear.
 

O medo nuclear assombra o mundo.

Uma segunda Hiroshima poderia acontecer com o acidente nuclear no reator de Fukushima. Onde será a próxima Nagasaki? Nos EUA, com os seus 23 envelhecidos reatores de desenho idêntico aos de Fukushima? Na França, o país mais dependente de energia nuclear do mundo? Provavelmente não na Alemanha ou na Venezuela, que estão cortando os seus programas nucleares; nem no Reino Unido, o líder mundial de conversão de energia eólica captada no mar.
 

Fukushima provoca revisão nuclear.

Um planeta pressionado por necessidades crescentes de energia e pela urgência de cortar as emissões de CO2 começa a se questionar o que deu errado e qual o futuro da energia nuclear após o acidente. Muito antes do evento japonês ter sido elevado para a categoria cinco, de sete possíveis, na Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radioativos, a crise já havia cruzado fronteiras.
 

Uma advertência ao mundo.

A era nuclear iniciou não muito longe de Fukushima, quando os EUA se converteram na primeira nação na história da humanidade a lançar bombas atômicas sobre outro país, duas bombas que destruíram Hiroshima e Nagasaki, matando centenas de milhares de civis. O jornalista Wilfred Burchett foi o primeiro a descrever a “praga atômica” como a chamou: “nestes hospitais encontro gente que, quando as bombas caíram não sofreram nenhuma lesão, mas que agora estão morrendo por causa das sequelas”. Mais de 65 anos depois de Burchett escrever sua advertência ao mundo, o que aprendemos?
 

Uma nuvem de desconfiança mundo afora.

O estado de alerta do público com segurança nuclear, como a emergência em Fukushima prova, é muito fácil de se elevar. O motivo é uma indústria que desde sua concepção, mais de meio século atrás, teve o segredo como conselheiro e, quando isso acontece, acobertamentos e mentiras geralmente seguem logo atrás. A noção da crise que cerca os reatores nucleares atingidos no Japão é exacerbada pelo fato de que, em uma emergência, a confiança pública nos promotores da energia atômica é virtualmente inexistente.
 
 

Organizações exigem fim de usinas nucleares.

Diante da gravidade da situação no Japão, 30 organizações sociais de países como México, Argentina, Peru, Guatemala, Chile, Canadá e Espanha, entre outros, se manifestaram nesta semana contra o uso deste tipo energia. Em carta aberta, ativistas pedem que usinas sejam desfeitas e que se busquem ‘verdadeiras soluções para os povos’. “Chernobyl e Fukushima são alertas que devem obrigar aos governos a que deixem de insistir em seguir promovendo estes projetos. A energia nuclear para provisionamento de energia e mais ainda com fins bélicos, deve parar”.
 

O excesso de confiança no setor nuclear.

Um dos responsáveis da Agência Internacional de Energia Atômica teria advertido em 2008 o governo japonês para o risco de fortes sismos poderem pôr em causa a segurança das centrais japonesas. A central de Fukushima foi desenhada para resistir a sismos de escala 7, o sismo da passada sexta atingiu o grau 8,9. Aliás têm-se alimentado muitos fantasmas sobre as virtudes da organização da sociedade japonesa, mas a realidade é que o Japão apresenta um dos piores registos de acidentes graves na indústria nuclear.
 

Fukushima nunca mais!

Só uma crença acrítica na capacidade do sistema técnico controlar o mundo pode explicar o fato de um país como o Japão, situado no cinturão de fogo de contato de inúmeras placas tectônicas, tenha nada mais nada menos que 55 reatores nucleares como se isso fosse um detalhe. E olha que a palavra tsunami inventada pelos japoneses antes da era científica e tecnológica, foi simplesmente olvidada talvez porque as águas não pudessem ser tão facilmente controladas pela engenharia.
  

Tragédias naturais expõem a perda de limites.

Nas catástrofes atuais, parece que vivemos um paradoxo: se, por um lado, temos um desenvolvimento vertiginoso dos meios de comunicação, por outro, a qualidade da reflexão sobre tais acontecimentos parece ter empobrecido, se comparamos com o tipo de debate gerado pelo terremoto de Lisboa, no século XVIII, que envolveu alguns dos principais pensadores da época. A humanidade está bordejando todos os limites perigosos do planeta Terra e se aproxima cada vez mais de áreas de riscos, como bordas de vulcões e regiões altamente sísmicas.