Nesta sociedade na qual o homem construiu um nível de civilização que, a cada instante somos confrontados com uma enxurrada de opções de como deixarmos nos envolver e ocuparmos o nosso tempo. A velocidade com que as informações circulam impressiona até um homem como eu, que aos meus 47 anos de idade e trabalhando a mais e de 15 anos com a tecnologia da informação se vê encantado e atraído pelas luzes dos dispositivos tecnológicos que atraem, encantam e envolvem, absorvendo-nos por completo. O tempo, sendo uma soma de instantes que aponta inexoravelmente para frente e apresenta-nos oportunidade de agarrar determinados momentos ou perde-los para sempre na eternidade do passado. Uma das verdades dolorosas desta sociedade é a distração oferecida pela tecnologia que aliena e produz um isolamento “compartilhado”, de tal forma que nos sentimos socialmente inclusos e solitários em nossa individualidade. Admitir dolorosamente que a sociedade está excessivamente ligada, individualizada e solitária, são insights que provoca um desconforto e exige uma reflexão de imediato. Lembro-me de minha infância, éramos oito irmãos, quatro meninas e quatro meninos. Minha mãe, quando nos levava para o centro da cidade, ia todos ao encontro do meu velho pai, e este tomado por um zelo rigoroso fazia de imediato a contagem dos filhos para se certificar que nenhum havia ficado para trás ou se perdido entre a multidão de transeuntes, que nem era tanto assim naquela época. Eles, meu pai e minha mãe, estavam conosco nos orientando, conduzindo, assinando, advertindo, corrigindo e acima de tudo nos amando. O dispositivo eletrônico mais próximo de nós, naquela época, era o sinal de trânsito nos cruzamentos entre as ruas, que meu velho pai, de pronto a todos parava e com sua voz forte, naquele local, nos ensinava dizendo a minha querida mãe; “- Jurema, preste atenção, sempre que atravessar uma rua olhe para os dois lados para ver se não vem nenhum carro!”, exclamava ele. O dialogo durante todo trajeto era cercado de curiosidade e explicações que prontamente ele nos dava. A vida era mais simples, a vida era mais gostosa! Hoje quando nos reunimos, eu e meus irmãos, a cada instante estamos fotografando ou filmando e postando na web ou ainda verificando mensagens da caixa de e-mail e acessando as redes sociais. Confronto-me com uma realidade na qual estamos perdendo o contato humano, a evolução tecnológica nos obriga a termos uma habilidade fenomenal em digitar rapidamente longos textos para não sermos atropelados pelo assunto. O frenesi tecnológico nos toma por completo e precisamos manter o celular sempre ligado, mesmo que ao tocar interrompa um diálogo entre você e a pessoa que ama. Ainda que você esqueça seu celular em algum cômodo de sua casa, seu pequeno filho, ainda que não compreenda por completo, levará seu aparelho até você como se fosse um aparelho de oxigenação. Qualquer jogo ou rede social é mais importante que o compartilhar alguns momentos com as crianças. A negligência dos rituais diários, do beijo no rosto, do afago, do abraço e das verdadeiras expressões de amor, apenas são respondidas por um rápido; “Uh hum, uh hum!”. Quando somos interrompidos no momento do ápice de nossa relação com o dispositivo eletrônico, nos sentimos incomodados por aqueles que nos amam. A sede de conexão nos expõe ao perigo, atendendo, lendo e respondendo mensagens diante de um sinal de trânsito e com tudo isso perdemos… perdemos tempo, conexões humanas verdadeiras, recordações, o conhecer e ser conhecido pelas pessoa que amamos e ainda nos pequenos momentos de lucidez resta-nos apenas um miserável sentimento de pesar. Eu como pai e profissional que sou, tenho enfrentado este desafio diariamente, busco estar atento para que minhas mãos estejam livres, mas confesso não é fácil, o mundo inteiro está conectado, a comunicação com meu trabalho é importante e preciso estar disponível a qualquer momento. Tenho feito um esforço hercúleo para não sacrificar a minha relação com as pessoas que eu amo. Tenho tirado um tempo para olhar nos olhos de minhas filhas e estar totalmente presente, afago os seus cabelos e digo o quanto eu as amo, seguro sua mãos, faço-as deitar sobre o meu peito para que ouçam as batidas do meu coração, lanço beijos a distância e como recompensa, vejo seus rostos sendo iluminado por um sorriso gostoso. Brinco e adoro ouvir a sua risada, intercalada com dizeres, “Me larga papai!”, fazem meu coração renascer. Nesta pequena reflexão posso dizer que a reserva de um tempo com conexões humanas verdadeiras, ou seja, não virtualizadas, é uma fábrica de boas lembranças que produz uma conexão eterna entre você e as pessoa a quem ama, o fluxo da energia da vida é restabelecida, o amor floresce, o sentido das coisas aparece e nisso há felicidade. Entre todas as coisas que escrevi e todas as coisas que disse, elas somente podem se concretizar… Quando suas mãos estiverem livres!
Vá! Vá agora! Não pare no caminho, o tempo tem pressa! A vela está acesa, e a chama ainda queima! - <> - Go! Go now! Don't stop in the way, the time have hurry! The candle is lit, and flame still burn!
domingo, 18 de agosto de 2013
Quando suas mãos estiverem livres.
Nesta sociedade na qual o homem construiu um nível de civilização que, a cada instante somos confrontados com uma enxurrada de opções de como deixarmos nos envolver e ocuparmos o nosso tempo. A velocidade com que as informações circulam impressiona até um homem como eu, que aos meus 47 anos de idade e trabalhando a mais e de 15 anos com a tecnologia da informação se vê encantado e atraído pelas luzes dos dispositivos tecnológicos que atraem, encantam e envolvem, absorvendo-nos por completo. O tempo, sendo uma soma de instantes que aponta inexoravelmente para frente e apresenta-nos oportunidade de agarrar determinados momentos ou perde-los para sempre na eternidade do passado. Uma das verdades dolorosas desta sociedade é a distração oferecida pela tecnologia que aliena e produz um isolamento “compartilhado”, de tal forma que nos sentimos socialmente inclusos e solitários em nossa individualidade. Admitir dolorosamente que a sociedade está excessivamente ligada, individualizada e solitária, são insights que provoca um desconforto e exige uma reflexão de imediato. Lembro-me de minha infância, éramos oito irmãos, quatro meninas e quatro meninos. Minha mãe, quando nos levava para o centro da cidade, ia todos ao encontro do meu velho pai, e este tomado por um zelo rigoroso fazia de imediato a contagem dos filhos para se certificar que nenhum havia ficado para trás ou se perdido entre a multidão de transeuntes, que nem era tanto assim naquela época. Eles, meu pai e minha mãe, estavam conosco nos orientando, conduzindo, assinando, advertindo, corrigindo e acima de tudo nos amando. O dispositivo eletrônico mais próximo de nós, naquela época, era o sinal de trânsito nos cruzamentos entre as ruas, que meu velho pai, de pronto a todos parava e com sua voz forte, naquele local, nos ensinava dizendo a minha querida mãe; “- Jurema, preste atenção, sempre que atravessar uma rua olhe para os dois lados para ver se não vem nenhum carro!”, exclamava ele. O dialogo durante todo trajeto era cercado de curiosidade e explicações que prontamente ele nos dava. A vida era mais simples, a vida era mais gostosa! Hoje quando nos reunimos, eu e meus irmãos, a cada instante estamos fotografando ou filmando e postando na web ou ainda verificando mensagens da caixa de e-mail e acessando as redes sociais. Confronto-me com uma realidade na qual estamos perdendo o contato humano, a evolução tecnológica nos obriga a termos uma habilidade fenomenal em digitar rapidamente longos textos para não sermos atropelados pelo assunto. O frenesi tecnológico nos toma por completo e precisamos manter o celular sempre ligado, mesmo que ao tocar interrompa um diálogo entre você e a pessoa que ama. Ainda que você esqueça seu celular em algum cômodo de sua casa, seu pequeno filho, ainda que não compreenda por completo, levará seu aparelho até você como se fosse um aparelho de oxigenação. Qualquer jogo ou rede social é mais importante que o compartilhar alguns momentos com as crianças. A negligência dos rituais diários, do beijo no rosto, do afago, do abraço e das verdadeiras expressões de amor, apenas são respondidas por um rápido; “Uh hum, uh hum!”. Quando somos interrompidos no momento do ápice de nossa relação com o dispositivo eletrônico, nos sentimos incomodados por aqueles que nos amam. A sede de conexão nos expõe ao perigo, atendendo, lendo e respondendo mensagens diante de um sinal de trânsito e com tudo isso perdemos… perdemos tempo, conexões humanas verdadeiras, recordações, o conhecer e ser conhecido pelas pessoa que amamos e ainda nos pequenos momentos de lucidez resta-nos apenas um miserável sentimento de pesar. Eu como pai e profissional que sou, tenho enfrentado este desafio diariamente, busco estar atento para que minhas mãos estejam livres, mas confesso não é fácil, o mundo inteiro está conectado, a comunicação com meu trabalho é importante e preciso estar disponível a qualquer momento. Tenho feito um esforço hercúleo para não sacrificar a minha relação com as pessoas que eu amo. Tenho tirado um tempo para olhar nos olhos de minhas filhas e estar totalmente presente, afago os seus cabelos e digo o quanto eu as amo, seguro sua mãos, faço-as deitar sobre o meu peito para que ouçam as batidas do meu coração, lanço beijos a distância e como recompensa, vejo seus rostos sendo iluminado por um sorriso gostoso. Brinco e adoro ouvir a sua risada, intercalada com dizeres, “Me larga papai!”, fazem meu coração renascer. Nesta pequena reflexão posso dizer que a reserva de um tempo com conexões humanas verdadeiras, ou seja, não virtualizadas, é uma fábrica de boas lembranças que produz uma conexão eterna entre você e as pessoa a quem ama, o fluxo da energia da vida é restabelecida, o amor floresce, o sentido das coisas aparece e nisso há felicidade. Entre todas as coisas que escrevi e todas as coisas que disse, elas somente podem se concretizar… Quando suas mãos estiverem livres!
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