quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Cérebro eletrônico emula um bilhão de neurônios.


Interligados em uma complexa estrutura toroidal, as sinapses cerebral serão representadas por informações trocadas entre no interior de cada núcleo dos processadores, simulando o que ocorre nas conexões dos neurônios. Os pesquisadores da Universidade de Manchester, na Inglaterra, preparam a maior simulação de um verdadeiro cérebro eletrônico de todos os tempos. A equipe coordenada pelo professor Steve Furber, tem a pretensão de simular um cérebro com 1 bilhão de neurônios interligados entre si somente utilizando 50.000 microprocessadores simples. As constantes comparações, entre o cérebro e os computadores, apresentam diferenças significativas em seu funcionamento, apesar de os dois serem sistemas de processamentos de dados. Se for feita uma abordagem comparando os seus circuitos básicos, o cabe ao cérebro o rótulo de imprecisão e lentidão, porém a plasticidade cerebral é capaz de corrigir falhas em suas trilhas de processamento. Diferentemente os computadores apresentam uma rapidez de processamento e precisão, mas perdem em flexibilidade e possuem a incapacidade de fazer algo para o qual não foram projetados. "Os conjuntos de funções em que cada um deles é melhor e não têm interseções. Eles parecem ser simplesmente tipos diferentes de sistemas," afirmam Furber e seu colega Steve Temple. "Ainda assim, ao longo da curta história da computação, cientistas e engenheiros têm feito tentativas de fertilização cruzada, inserindo conceitos da neurobiologia na computação a fim de construir máquinas que possam operar de maneira mais parecida com o cérebro," afirmam eles. Uma das maiores vantagem do cérebro é o processamento em paralelo e a o processamento de dados a prova de falhas. Na tentativa de simular a sinapse cerebral, os cientistas irão iniciar a simulação do funcionamento de um neurônio. Hoje, empresas com a IBM já possui projetos de simulação neural baseado em software especialista, sendo que este já permitiu a simulação do cérebro de um gato. Os cientistas ingleses querem ir mais além, planejam estruturar o seu cérebro eletrônico através de hardware, seguindo o modelo biológico de estrutura e funcionamento. Para alcançar este objetivo, os cientistas ingleses estão usando processadores ARM (Advanced RISC Machine), com uma arquitetura dos anos 80, mas que foi ultrapassado na corrida da computação para o padrão x86 da Intel. Embora tendo fracassado inicialmente, o chip ARM seguiu por outros caminhos, e hoje está presente na maioria dos telefones celulares e outros equipamentos, sendo que estes equipamentos exigem um desempenho razoável de processamento e tem um consumo menor de energia. O projeto do cérebro eletrônico com emulação via hardware, será montado com processadores utilizados em celulares.
 

 Já se encontra encomendados os 50.000 chips que serão usados para construir o cérebro eletrônico, sendo os mesmo designados como Spinnaker - Spiking Neural Network Architecture, algo como arquitetura de rede neural por picos de tensão, fazendo referência às sinapses cerebrais. Utilizando os sinais elétricos para comunicar-se entre si, o chip e os neurônios diferenciam-se pelo fato que os neurônios utilizarem suas conexões para outras funções cerebrais. Cada sinapse varia conforme a rede neural aprende e cada uma possui sua importância e peso próprio. Buscando atribuir peso de forma dinâmica, os pesquisadores farão a utilização de variação de tensão dos sinais entre as “sinapses” dos chips, por isso a expressão “picos de tensão”. Com uma capacidade de 100 Kbytes de memória interna, o processador tem condições de tratar as suas próprias sinalizações, sendo que a dinâmica da rede neural será controlada por uma memória externa ao chip, com capacidade de 128 Mbytes. A estrutura neural é formada por 20 núcleos ARM por chip, tendo uma capacidade de simular 1.000 neurônios, totalizando 20.000 neurônios por chip, sendo que Taiwan produzirá 50.000 estruturas neurais para simular 1 bilhão de neurônios. Será feito dentro de cada núcleo o processamento com equivalência ao neurônio biológico e a troca de informações entre os núcleos será realizada por uma complexa estrutura toroidal. Seis conexões bidirecionais haverá em cada chip, permitindo, desta forma, a variação de topologia da rede neural sem a necessidade de alterações na estrutura do hardware. O objetivo inicial dos pesquisadores é que o cérebro eletrônico controle um braço robótico e no futuro aprenda a fazer novas tarefas, evoluindo, desta forma, para um robô humanoide.

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